Editorial da edição online do jornal i:
“Portugal é um país dominado por uma elite que se conhece há longos anos, partilhando o mesmo percurso pós-revolucionário. Não é gente com caminhos muito diferentes - e todos parecem sentir que esse serviço que prestaram ao país é uma conta difícil de saldar. É como se fossem credores da liberdade que hoje se vive. E isso parece autorizá-los a ter dos negócios e do Estado esta visão tão promíscua. Isso explica silêncios e omissões - até esquecimentos, como aconteceu com Dias Loureiro - em relação a assuntos públicos. Não é que se protejam uns aos outros, mas é como se fizessem parte de uma congregação que acredita que, na ausência da sua avisada acção, poderia muito bem não ter existido país (…).
(…)
O que importa aqui sublinhar é que Portugal - e aqueles que hoje ocupam lugares de destaque no país - se habituaram a esta promiscuidade que vai fazendo tudo andar lentamente, deixando um rasto de culpa e empobrecimento do país que não deveria ser tolerado. Ferreira Leite foi dura (e bem) com Sócrates, mas tinha este cadastro que Granadeiro agora (e bem) recuperou. De novo: é justo?
O que é justo é que o país se discuta, frontalmente, violentamente até, permitindo com essa transparência que quem ouve e vê tome as suas decisões. Granadeiro não gosta de Ferreira Leite. Esta não gosta de Sócrates. E este não a suporta. Isto é melhor do que as cumplicidades silenciosas que têm feito a agenda política deste país.”
http://www.ionline.pt/conteudo/10951-esta-podre-o-sistema
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