Wednesday, November 21, 2007

Viagens de avião

Tenho um conjunto de experiências interessantes em viagens de avião, que gostaria de partilhar. Passo a descrever a minha primeira má experiência:

1) México: Voo Puerto Escondido - México DF (vulgo cidade do México), Abril de 1999 - regresso a Portugal depois de 15 dias a apanhar umas ondas em Zicatela, La Punta e outras belas olas da costa Oeste Mexicana.

Amizades feitas com outros turistas de partida de Puerto Escondido consequencia da longa fila de espera para o check-in e do atraso na chegada do avião, partimos em direcção a DF (dé efe, en mexicano).
O céu azul enganava. A paisagem árida, geologicamente assimetrica e fustigada pelo sol gerava poços térmicos, num constante alternar entre ar-quente e ar-muito-quente. O Avião, um DC-90 da Mexicana, com cerca de 70 passageiros, com um aspecto razoável, sofria às mãos da natureza. Ora subia, acompanhando as correntes de ar muito quentes, ora descia, quando o ar arrefecia.
Era a minha terceira viagem de avião mas a minha primeira experiência com turbulência. Achei incómodo, mas a minha reacção não passou disso.
No entanto fiquei impressionado com as reacções de alguns passageiros. Principalmente uma passageira - Alemã - que ia na cadeira atrás da minha, cuja côr de pele nórdica bronzeada tinha cambiado para verde água ao final das duas horas de ligação, consequência da enorme força com que agarrava a sua cadeira e dos congelantes arrepios que sentia de cada vez que o avião saltava do sítio (sim, alguns poços de ar eram "durinhos").

2) Inglaterra: Voo TAP Londres Heathrow - Porto, Dezembro de 2003 - regresso a Portugal para o Natal, depois dos três primeiros meses do MBA.

Partida a horas. Facto que a minha (limitada, claro) experiência permite assegurar que é coisa rara na TAP. O Avião é um Airbus A380. Filas de três passageiros, eu vou entre dois passageiros, no lugar entre o da coxia e o da janela. Avião completamente à pinha à excepção da 1ª classe. Ao meu lado esquerdo um tipo Inglês gordo e de barba - Tipo 120 - 140 kgs. Ao meu lado direito uma senhora Portuguesa de meia idade. Do outro lado da coxia, mas na fila à frente da minha, 3 Portugueses inquietos. Um casal de namorados, ela na faixa dos 25 - 30 anos sentada à janela, e ele entre os 45 e os 50 sentado no lugar do meio. Na coxia seguia outro homem de meia idade. Todos visivelmente agastados pelo atraso na partida do avião. Tinhamos esperado no check-in cerca de 40 minutos e dentro do avião já lá iam outros tantos.
O capitão avisara há cinco minutos que estavemos apenas a aguardar "slot" para descolar.
De forma a noticiar à sua família o atraso na partida o homem que viajava na coxia resolveu fazer uma chamada telefónica através do seu telemóvel. Coisa rápida.
Não agradado com a situação - atraso do avião e telefonema do colega do lado, o passageiro do assento do meio inicia uma discussão relativa ao uso do telemóvel nas aeronaves.
Entretanto o comandante consegue o tal "slot" e o avião inicia a sua marcha.
O diálogo foi mais ou menos este:
- Ah, a hospedeira ja avisou para se desligarem os telemoveis.
- Pois, mas a minha filha vai-me buscar ao aeroporto e eu tenho de a avisar que estamos atrasados.
- Mas se não desliga o telemovel o avião não pode partir e atrasamo-nos ainda mais.
- Não seja ignorante (burro, no original), já desliguei. Mas tive de a avisar.
- Ignorante (burro)? Eu? Não admito! Vou pedir à hospedeira para o mudar de lugar.

E chama a hospedeira, que apenas avisa para adescolagem eminente do avião, facto que já se fizera notar pela saída da via de taxi e entrada na pista propriamente dita.
- "Cabin crew ready for take-off" anuncia o comandante.

A hospedeira parte para se sentar no seu lugar, mas a discussão continua. Com os insultos a agravarem-se: "Estúpido!", "Besta!", "Cabrão!", "Aquele cuja mãe vende serviços de satisfação sexual (Filho-da-puta, no original)

Nisto o avião arranca para a descolagem, motores no máximo.

O que acontece de seguida é uma das cenas mais tristes que eu já vi em qualquer lado. O único sítio onde tal cena teria sido digna era num ringue....

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