Thursday, October 25, 2012

Grupo BES e Governo lamentável / Sempre fui adepto da gestão conservadora e ética do BPI

Notícia hoje no Jornal de Negócios, na sequência das escutas entre
José Maria Ricciardi e Pedro Passos Coelho:

"Quem contestou teve logo outro ajuste directo a seguir. O BPI não
entrou nessa discussão. Houve duas contratações do Estado nas
privatizações. O primeiro contrato foi para a Perella, o segundo foi
entregue a quem protestou" pela escolha da boutique financeira, que
"ficou como assessor do Estado nas privatizações da TAP e da ANA".

Foi assim que Fernando Ulrich respondeu aos jornalistas quando
questionado sobre a adjudicação directa da venda da EDP à Perella.

Poucas horas depois das críticas do banqueiro, o Banco Espírito Santo
de Investimento (BESI) reagiu. "As declarações de Fernando Ulrich
sobre o BESI e as privatizações da TAP e da ANA são absolutamente
lamentáveis", adiantou fonte oficial da instituição ao "Diário
Económico".

Fernando Ulrich não chegou a referir explicitamente o BESI e o seu
presidente, José Maria Ricciardi, mas ficou claro, na apresentação de
contas trimestrais, que se referia ao banco de investimento do grupo
liderado por Ricardo Salgado. O presidente do BPI sublinhou ainda que
"valeu a pena protestar", já que o banco de investimento do BES acabou
por ser escolhido para assessor do Estado na venda da TAP e da ANA.

"O BPI não protestou pelo primeiro nem pelo segundo contrato, mas
teríamos feito um bom trabalho. Estamos a apoiar um dos candidatos à
privatização da ANA e estamos a trabalhar para que o nosso candidato
ganhe", sublinhou Ulrich.

Nas últimas semanas, o "Público" e o "Expresso" reproduziram escutas
telefónicas em que se constatava que o líder do BESI chegou a
protestar junto do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e do
ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, pela contratação
da boutique financeira, no final do Verão de 2011.

Notícias que levaram Ricciardi a emitir um comunicado assumindo que
transmitiu "a vários membros do Governo a minha discordância pelo
facto de o Estado ter contratado a firma norte americana Perella por
ajuste directo, quando se exigia, na observância do rigor e da ética,
que se elegessem as assessorias financeiras através de concurso
público". No entanto, o banqueiro sublinhou que esse comportamento
"não configura ilicitude, irregularidade ou sequer censura".

As críticas à contratação da Perella, que agora ganharam rosto, foram
noticiadas pela imprensa logo no Verão de 2011. Na altura, a imprensa
deu conta da "surpresa" e "desconforto" que a adjudicação causou entre
diversos banqueiros. Ao ponto de o Governo ter imposto à Caixa Geral
de Depósitos a contratação da boutique financeira, evitando assim o
risco de ter cometido alguma irregularidade por ter feito um ajuste
directo de uma assessoria financeira a uma instituição que não
integrava a lista de bancos pré-qualificados para o efeito.

Apesar de não ter sido contratado para assessor do Estado na
privatização da EDP, o BESI acabou por participar nesta operação, como
assessor financeiro da Three Gorges, a empresa chinesa que acabou por
sair vencedora neste negócio.

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