A verdade acerca das audiências de televisão e a publicidade:
Silogismo do tempo moderno:
1) As TV’s dependem de receita de publicidade
2) Para terem publicidade precisam de audiências
3) Para terem audiencias precisam de as captar
4) A Publicidade dirige-se a segmentos / clientes específicos
5) As audiências que veem os programas com mais audiências não são as que compram mais
6) A publicidade satura o espaço televisivo
7) Queda das audiências
8) Inversão das programações
Levado a escrever pela impaciência com o excessivo conteúdo publicitário que a programação televisiva hoje contem, assim como pelo conteudo excessivamente populista, muitas vezes afastado da verdade, que alguns noticiários de grupos de media defendem, pretendo salientar alguns aspectos importantes para a eficiência da publicidade:
As TV’s dependem em larga medida das receitas publicitárias para sobreviver, e para obterem estas receitas necessitam de audiências, e para obterem audiências necessitam de as atrair com o conteúdo que mais lhes agrade. Um aparente ciclo vicioso. Mas só aparente.
O conteúdo populista dirige-se, como o nome indica, à grande fatia da população, ora esta tem sido a que mais sofreu com a malfadada crise, e mesmo antes desta tinha um poder de compra reduzido.
Ora se o objectivo último da publicidade televisiva é aumentar as vendas do produto televisado, e se as classes sociais que vêm os programas populistas não são as que têm poder de compra, não estaremos perante uma falha na capacidade de análise dos anunciantes? Determinar qual o seu target é essencial, assim como onde e como comunicar a mensagem da empresa ao cliente.
Anunciar no meio de comunicação teoricamente com maior exposição não é garantia de exposição (ja para não falar no zapping), mas antes provavelmente targetting errado.
Conhecendo a teoria do “double jeopardy” de Elliot, as empresas não devem arriscar menor exposição nos media, pois isso pode-se traduzir numa efectiva redução da quota de mercado. No entanto, uma publicidade mais segmentada, dirigida ao nicho específico pode inclusivamente com menor investimento, conduzir a melhores resultados em termos de TOMA (top of mind awareness) e em vendas reais.
Em conclusão, pretendo alertar as TV’s para uma necessidade eminente de alteração da sua programação, uma vez que estão em risco de perder uma grande fatia da sua publicidade para outros meios de publicidade, como aqueles que são incisivos: tais como radio, jornais e outdoors.
Wednesday, March 09, 2005
Monday, January 31, 2005
Professor, Bom Dia!
Bom dia, Sr. Professor?
Saía eu do mar, como sempre apressado para regressar ao trabalho, a fazer contas às horas que seriam e ao tempo que iria levar a vestir-me e almoçar quando, no meio do areal, me deparo com uma pessoa que me era sobejamente conhecida. De imediato o cumprimentei de modo entusiástico, “Ora viva!”, ou não fosse essa a minha forma normal de cumprimentaros meus conhecimentos mais próximos. Mas algo me dizia que o Professor, nome pelo qual eu o recordava, não se estava a recordar de mim. Por instantes pensei que algo estaria errado, e que a razão para ele não me devolver o cumprimento com igual entusiasmo seria por eu estar com uma indumentária diferente da que uso habitualmente. Pensei que que passados poucos momentos, ouvindo-me e vendo-me a falar, me reconheceria.
Ele respondeu num tom familiar, “Então como é que estão as ondas? Como é que está o mar?”
Nesse instante apercebi-me do meu erro. Afinal eu conhecia-o muito bem, porque apesar de ja não o ver ha algum tempo, habituei-me a encontrá-lo pelo menos uma vez por semana, mas ele não, ele nunca me tinha posto os olhos em cima.
Pensando num modo de me desculpar pela intimidade desadequada que eu tinha provocado, respondi “Nada de especial, mas dá sempre umas ondinhas”.
Quase não me dando tempo para me recompor da surpresa ele perguntou de imediato: “E a maré, está a vazar?”
Não respondi. A minha vontade de falar com ele de temas mais interessantes que aquele obrigou-me a uma mais contida mas confusa “Que surpresa! Por cá? O que o traz ao Porto?”, não tanto para saber o que o trazia de facto àquelas paragens menos habituais para ele - já que estava a 300 kms de casa - mas mais para me dar tempo para pensar no que poderia dizer a seguir.
Neste entretanto ocorreu-me um rasgo: “Talvez tenha vindo para alguma palestra…mas porra, que tenho eu a ver com isso? Aínda me manda à merda pela minha curiosidade excessiva.” Fiquei à espera que ele tomasse a iniciativa de reduzir o tom de intimidade à conversa. Mas ele não o fez.
- Responde à pergunta, lembrou-me o cerebro - ‘Tenho de lhe responder à pergunta’. A resposta mais simples, pensei num nanosegundo, era fornecer-lhe a informação.
Assim fiz, tentando ganhar um pouco mais de tempo para me recompor finalmente dos varios choques emocionais que acabara de ter e atropelando qualquer hipotese dele satisfazer a minha curiosidade: “Está cheia neste momento,” e tentando parecer mais esperto adicionei: “Veio dar o seu mergulho?”
A partir daquele momento, caíndo aos poucos na realidade, eu quis desculpar-me pelo modo talvez abrupto com que o estava a interpela, não estivesse eu a parecer-lhe um louco, e, mas não consegui, tal era o entusiasmo de estar a falar com ele pela primeira vez. Saiu-me descontroladamente pela boca fora: “Tenho muito gosto em conhecê-lo!”.
Foi neste instante que ele confirmou que de facto não me conhecia, pois qualquer dos seus mais intimos conhecimentos lhe teria retorquido com um “Não estas a ver quem eu sou, pois não?” ou um mais intimo “Estas a fingir que não te lembras de mim, seu esquecido?”.
‘Ele está habituado a que desconhecidos o tratem com alguma intimidade,’ pensei eu, ‘ele sabe que a televisão tem aquele efeito em totais desconhecidos.’ A sua experiência certamente já o tinha ensinado a lidar com situações semelhantes. Enquanto ele manteve o sorriso simpático que esboçava, o timbre de voz amigável e o teor quase familiar da conversa, deve ter visto passar pela minha face expressões de surpresa, agrado, horror, vergonha e de perplexidade.
Não sei se escolheu ser simpático, se o é por natureza. Respondeu-me como se eu um velho conhecido seu – “Vou a caminho de Celorico de Basto…”
“Ahhh….” Interrompi, tomando a liberdade de completar mentalmente o seu raciocinio “…e parou aqui para dar um mergulho a caminho.”
Tive vontade de lhe fazer qualquer pergunta que lhe revelasse algum sinal de inteligencia da minha parte, ou só curiosidade, do tipo “Quando volta à TV?”, ou mais algo mais revelador tipo “Vai ser candidato a….(a alguma coisa)?” ou melhor aínda algo que gostaria mesmo de saber tipo “Quais são os seus planos no futuro próximo?” Mas apenas me saiu um sincero e humilde “vai ver que dentro d’agua está mais quente do que cá fora”.
Preparei-me para retomar a minha corrida para o regresso à vida real. Despedi-me, em tom sincero e sempre entusiastico, “Então um bom mergulho Sr. Professor! Olhe que tem uns chuveiros de agua doce ao pé do parque de estacionamento”, e afastei-me.
Lembrando-me da época festiva e causando-me novo embaraço por não lho ter dito em vez do desejo de bom mergulho, O professor aínda me gritou um “Feliz Natal!” ao que respondi de imediato, voltando-me de novo para ele e acenando “Muito obrigado e igualmente!” E, como se não bastasse ter-lho dito já uma vez adicionei – “Tive muito gosto em conhecê-lo!”
Já no parque de estacionamento, ao mesmo tempo que me vestia e pensava na feliz coincidência daquele encontro, arrependia-me de não ter explorado melhor uma oportunidade quem sabe única, mas tive a nítida sensação que o tinha encontrado por algum motivo e que nos voltaríamos a encontrar. Também me apeteceu dizer-lho, mas achei ridiculo e despropositado.
Ao entrar no carro e ligar a ignição questionei-me se o Professor Marcelo se ia lembrar que havia chuveiros de agua doce naquela praia….
Saía eu do mar, como sempre apressado para regressar ao trabalho, a fazer contas às horas que seriam e ao tempo que iria levar a vestir-me e almoçar quando, no meio do areal, me deparo com uma pessoa que me era sobejamente conhecida. De imediato o cumprimentei de modo entusiástico, “Ora viva!”, ou não fosse essa a minha forma normal de cumprimentaros meus conhecimentos mais próximos. Mas algo me dizia que o Professor, nome pelo qual eu o recordava, não se estava a recordar de mim. Por instantes pensei que algo estaria errado, e que a razão para ele não me devolver o cumprimento com igual entusiasmo seria por eu estar com uma indumentária diferente da que uso habitualmente. Pensei que que passados poucos momentos, ouvindo-me e vendo-me a falar, me reconheceria.
Ele respondeu num tom familiar, “Então como é que estão as ondas? Como é que está o mar?”
Nesse instante apercebi-me do meu erro. Afinal eu conhecia-o muito bem, porque apesar de ja não o ver ha algum tempo, habituei-me a encontrá-lo pelo menos uma vez por semana, mas ele não, ele nunca me tinha posto os olhos em cima.
Pensando num modo de me desculpar pela intimidade desadequada que eu tinha provocado, respondi “Nada de especial, mas dá sempre umas ondinhas”.
Quase não me dando tempo para me recompor da surpresa ele perguntou de imediato: “E a maré, está a vazar?”
Não respondi. A minha vontade de falar com ele de temas mais interessantes que aquele obrigou-me a uma mais contida mas confusa “Que surpresa! Por cá? O que o traz ao Porto?”, não tanto para saber o que o trazia de facto àquelas paragens menos habituais para ele - já que estava a 300 kms de casa - mas mais para me dar tempo para pensar no que poderia dizer a seguir.
Neste entretanto ocorreu-me um rasgo: “Talvez tenha vindo para alguma palestra…mas porra, que tenho eu a ver com isso? Aínda me manda à merda pela minha curiosidade excessiva.” Fiquei à espera que ele tomasse a iniciativa de reduzir o tom de intimidade à conversa. Mas ele não o fez.
- Responde à pergunta, lembrou-me o cerebro - ‘Tenho de lhe responder à pergunta’. A resposta mais simples, pensei num nanosegundo, era fornecer-lhe a informação.
Assim fiz, tentando ganhar um pouco mais de tempo para me recompor finalmente dos varios choques emocionais que acabara de ter e atropelando qualquer hipotese dele satisfazer a minha curiosidade: “Está cheia neste momento,” e tentando parecer mais esperto adicionei: “Veio dar o seu mergulho?”
A partir daquele momento, caíndo aos poucos na realidade, eu quis desculpar-me pelo modo talvez abrupto com que o estava a interpela, não estivesse eu a parecer-lhe um louco, e, mas não consegui, tal era o entusiasmo de estar a falar com ele pela primeira vez. Saiu-me descontroladamente pela boca fora: “Tenho muito gosto em conhecê-lo!”.
Foi neste instante que ele confirmou que de facto não me conhecia, pois qualquer dos seus mais intimos conhecimentos lhe teria retorquido com um “Não estas a ver quem eu sou, pois não?” ou um mais intimo “Estas a fingir que não te lembras de mim, seu esquecido?”.
‘Ele está habituado a que desconhecidos o tratem com alguma intimidade,’ pensei eu, ‘ele sabe que a televisão tem aquele efeito em totais desconhecidos.’ A sua experiência certamente já o tinha ensinado a lidar com situações semelhantes. Enquanto ele manteve o sorriso simpático que esboçava, o timbre de voz amigável e o teor quase familiar da conversa, deve ter visto passar pela minha face expressões de surpresa, agrado, horror, vergonha e de perplexidade.
Não sei se escolheu ser simpático, se o é por natureza. Respondeu-me como se eu um velho conhecido seu – “Vou a caminho de Celorico de Basto…”
“Ahhh….” Interrompi, tomando a liberdade de completar mentalmente o seu raciocinio “…e parou aqui para dar um mergulho a caminho.”
Tive vontade de lhe fazer qualquer pergunta que lhe revelasse algum sinal de inteligencia da minha parte, ou só curiosidade, do tipo “Quando volta à TV?”, ou mais algo mais revelador tipo “Vai ser candidato a….(a alguma coisa)?” ou melhor aínda algo que gostaria mesmo de saber tipo “Quais são os seus planos no futuro próximo?” Mas apenas me saiu um sincero e humilde “vai ver que dentro d’agua está mais quente do que cá fora”.
Preparei-me para retomar a minha corrida para o regresso à vida real. Despedi-me, em tom sincero e sempre entusiastico, “Então um bom mergulho Sr. Professor! Olhe que tem uns chuveiros de agua doce ao pé do parque de estacionamento”, e afastei-me.
Lembrando-me da época festiva e causando-me novo embaraço por não lho ter dito em vez do desejo de bom mergulho, O professor aínda me gritou um “Feliz Natal!” ao que respondi de imediato, voltando-me de novo para ele e acenando “Muito obrigado e igualmente!” E, como se não bastasse ter-lho dito já uma vez adicionei – “Tive muito gosto em conhecê-lo!”
Já no parque de estacionamento, ao mesmo tempo que me vestia e pensava na feliz coincidência daquele encontro, arrependia-me de não ter explorado melhor uma oportunidade quem sabe única, mas tive a nítida sensação que o tinha encontrado por algum motivo e que nos voltaríamos a encontrar. Também me apeteceu dizer-lho, mas achei ridiculo e despropositado.
Ao entrar no carro e ligar a ignição questionei-me se o Professor Marcelo se ia lembrar que havia chuveiros de agua doce naquela praia….
Wednesday, January 26, 2005
Apoios a novas empresas
Onde estão os apoios à criação de novas empresas?
Por curiosidade resolvi ir em busca de valores a desembolsar no caso de querer constituir uma nova empresa. Quanto teria de desembolsar um “wannabe” empresário?
Começei por ficar bem impressionado com a quantidade de informação disponível online, que variava entre os passos necessários à dita constituição, apoios à contratação de pessoal, apoios para o crescimento da actividade.
O senão aconteceu quando segui os passos que levavam aos custos iniciais para constituir a empresa. Surpreendeu-me pela positiva o facto de existir um simulador, mas pela negativa o montante a desembolsar.
Para uma empresa com um capital social de € 5000, o montante a desembolsar pelo futuro empresário será de quase € 445, ou seja, 9% do capital próprio tem de ser desembolsado à cabeça. No entanto, embora este valor a desembolsar inicialmente cresca à medida que o capital social inicial aumente, esse crescimento, ou ajuste, nunca é proporcional, sendo muito mais oneroso para uma empresa de capital reduzido do que para uma de capital elevado. Uma empresa que inicie a actividade com CS de € 25000 já só paga cerca de € 520 (ou 2% do capital próprio) e a disparidade é maior aínda para uma que inicie actividade com € 100.000 de CS, já que os custos proporcionalmente ao CS serão de apenas 0.7% do CS (ou €650).
É certo que estes custos são amortizáveis pelas empresas, mas não obstante, eles têm de ser desembolsados à cabeça. Para um jovem empresário um valor de € 445 não é facil de arranjar, quanto mais um valor de € 5445 (porque o capital social tem de ser depositado na íntegra numa instituição bancária aquando da realização da escritura pública). Aqui é que a “porca torçe o rabo”!
Depois destes dados pergunto eu: como se pretende incentivar a criação de novas empresas, tão anunciadas como as “mais fortes criadoras de emprego”, ou as “potenciadoras das economias desenvolvidas”?
As instituições bancárias não têm qualquer esquema de apoio para este tipo de necessidade, antes preferindo apoiar as empresas quando estas já registam uma actividade ‘palpável’, compreensivelmente, pois se o negócio dos Bancos é o risco, nesta fase ele está mais diluído do que na constituição da empresa.
Então que solução deveremos apontar?
A primeira solução que me ocorre seria o estado suportar estes custos, claro que apenas para o capital social mínimo de € 5000 e no caso do empresário ter uma idade compreendida entre os 18 e os 30, por exemplo.
Uma segunda hipótese seria a possibilidade de adiar o pagamento destes valores no tempo, porque o pagamento e despesas são imediatos, no entanto o custo só será contabilizável no momento de fecho de contas (até 12 meses depois da criação da empresa), diferindo o pagamento por vários períodos.
Em terceiro e último lugar ocorre-me uma redução efectiva do montante a cobrar como despesas, adaptando-o ao montante do capital social inicial, isto é, tornando as despesas num montante proporcional. Exemplificando: para qualquer montante de capital social as despesas representariam uma percentagem fixa do mesmo, quem sabe 2% (uma percentagem média dos valores cobrados actualmente), o que “embarateceria” a constituição de empresas de pequena dimensão, mas oneraria a criação de empresas de maior dimensão.
Em suma, penso que é necessário criar apoios à criação de empresas em todas as fases do processo de criação; desde a sua concepção (o que já está a ser feito), criação (o que está em falta) e desenvolvimento (também está feito), pois o problema de falta de liquidez acrescido do inicio de actividade empresarial, como todos os gestores sabem, pode ser mortífero. Estaremos inconscientemente a provocar a morte à nascença do potencial futuro da economia Portuguesa?
Por curiosidade resolvi ir em busca de valores a desembolsar no caso de querer constituir uma nova empresa. Quanto teria de desembolsar um “wannabe” empresário?
Começei por ficar bem impressionado com a quantidade de informação disponível online, que variava entre os passos necessários à dita constituição, apoios à contratação de pessoal, apoios para o crescimento da actividade.
O senão aconteceu quando segui os passos que levavam aos custos iniciais para constituir a empresa. Surpreendeu-me pela positiva o facto de existir um simulador, mas pela negativa o montante a desembolsar.
Para uma empresa com um capital social de € 5000, o montante a desembolsar pelo futuro empresário será de quase € 445, ou seja, 9% do capital próprio tem de ser desembolsado à cabeça. No entanto, embora este valor a desembolsar inicialmente cresca à medida que o capital social inicial aumente, esse crescimento, ou ajuste, nunca é proporcional, sendo muito mais oneroso para uma empresa de capital reduzido do que para uma de capital elevado. Uma empresa que inicie a actividade com CS de € 25000 já só paga cerca de € 520 (ou 2% do capital próprio) e a disparidade é maior aínda para uma que inicie actividade com € 100.000 de CS, já que os custos proporcionalmente ao CS serão de apenas 0.7% do CS (ou €650).
É certo que estes custos são amortizáveis pelas empresas, mas não obstante, eles têm de ser desembolsados à cabeça. Para um jovem empresário um valor de € 445 não é facil de arranjar, quanto mais um valor de € 5445 (porque o capital social tem de ser depositado na íntegra numa instituição bancária aquando da realização da escritura pública). Aqui é que a “porca torçe o rabo”!
Depois destes dados pergunto eu: como se pretende incentivar a criação de novas empresas, tão anunciadas como as “mais fortes criadoras de emprego”, ou as “potenciadoras das economias desenvolvidas”?
As instituições bancárias não têm qualquer esquema de apoio para este tipo de necessidade, antes preferindo apoiar as empresas quando estas já registam uma actividade ‘palpável’, compreensivelmente, pois se o negócio dos Bancos é o risco, nesta fase ele está mais diluído do que na constituição da empresa.
Então que solução deveremos apontar?
A primeira solução que me ocorre seria o estado suportar estes custos, claro que apenas para o capital social mínimo de € 5000 e no caso do empresário ter uma idade compreendida entre os 18 e os 30, por exemplo.
Uma segunda hipótese seria a possibilidade de adiar o pagamento destes valores no tempo, porque o pagamento e despesas são imediatos, no entanto o custo só será contabilizável no momento de fecho de contas (até 12 meses depois da criação da empresa), diferindo o pagamento por vários períodos.
Em terceiro e último lugar ocorre-me uma redução efectiva do montante a cobrar como despesas, adaptando-o ao montante do capital social inicial, isto é, tornando as despesas num montante proporcional. Exemplificando: para qualquer montante de capital social as despesas representariam uma percentagem fixa do mesmo, quem sabe 2% (uma percentagem média dos valores cobrados actualmente), o que “embarateceria” a constituição de empresas de pequena dimensão, mas oneraria a criação de empresas de maior dimensão.
Em suma, penso que é necessário criar apoios à criação de empresas em todas as fases do processo de criação; desde a sua concepção (o que já está a ser feito), criação (o que está em falta) e desenvolvimento (também está feito), pois o problema de falta de liquidez acrescido do inicio de actividade empresarial, como todos os gestores sabem, pode ser mortífero. Estaremos inconscientemente a provocar a morte à nascença do potencial futuro da economia Portuguesa?
Friday, January 14, 2005
A revolução estratégica
Defendia noutro dia um artigo muito bem que o problema do défice não é a causa da desorientação económica nacional, mas antes a falta de um claro caminho para o futuro.
Já o guru da gestão Michael Porter o escreveu na sua apreciação da estratégia para a economia Portuguesa no seu famoso relatório, cujas principais permissas eram uma concentração naquilo que o país tem de mais ‘vendível’, passo a expressão, para o exterior – O turismo, a cortiça, o vinho, a venda de pedra de qualidade (ex: mármores) e o conhecimento de como operar na UE sendo uma pequena nação periférica.
Doutro grande economista e visionário, Adam Smith, nasce também a teoria de que as nações (ou empresas conforme o caso) não podem ser boas em tudo. Isso vê-se na China, na India, na Tailândia, que apesar de terem à partida capacidades iguais às de Portugal (com os devidos ajustamentos), tem-se concentrado em areas onde podem ser mais competitivas do que outras nações. Industria textil, serviços deslocalizáveis (tipo call-centers) e serviços específicos (turismo), respectivamente.
Então perguntamos todos nós o que falta a Portugal? Capacidade de escolher. Estamos a querer ser bons em tudo. O pelo menos a ter internamente um pouco de tudo, quiçá réstias do sistema políticó-económico Salazarista do “orgulhosamente sós."
Cada vez mais só as empresas e os profissionais qualificados vâo ser os de sucesso. O igual vai-se passar com as nações.
De notar que a especialização, não só é um factor de impedimento à entrada de novos competidores no mercado, como é também por sí so um factor de atracção e retenção de investimento. Se Portugal fôr verdadeiramente bom naquilo que faz (produtos ou serviços que ‘exporta’), menos competidores vão querer encarar-nos com as mesmas armas, e por consequência, maior rendibilidade terão os nossos investimentos. Estão a ver o cíclo virtuoso?
Temos os recursos, temos a estratégia, porque não a aplicamos?
Naturalmente que algunas das nossas indústrias, por força da falta de visão dos nossos empresários no passado, é inegável, terão forçosamente de acabar. Assumamo-lo. Porque a nossa especialização e dedicação às actividades em que podemos realmente fazer a diferença, mais do que compensará.
É essencial fazer-se esta mudança o mais cedo possível, sob pena de outras nações nos passarem à frente. O desemprego será natural numas àreas, mas compensado por um acréscimo de emprego noutras – poder-se-á criar uma sistema nacional de educação e ensino virado para estes objectivos, para que a aposta em formação e no futuro do país, começe desde a mais tenra idade. Exagerando para chegar onde pretendo - De que interessa ter uma força laboral preparada para formar metalúrgicos, qunando essa indústria está condenada no nosso país? Se Há outra nação com melhores condições para reter esse tipo de indústria.
No extremo, os fluxos criados pelo nosso país serão mais do que suficientes não só para ‘pagar’ as importações de serviços em que não somos especialistas, mas também para criar o crescimento económico sustentado que ha tanto tempo a nossa nação procura.
Já o guru da gestão Michael Porter o escreveu na sua apreciação da estratégia para a economia Portuguesa no seu famoso relatório, cujas principais permissas eram uma concentração naquilo que o país tem de mais ‘vendível’, passo a expressão, para o exterior – O turismo, a cortiça, o vinho, a venda de pedra de qualidade (ex: mármores) e o conhecimento de como operar na UE sendo uma pequena nação periférica.
Doutro grande economista e visionário, Adam Smith, nasce também a teoria de que as nações (ou empresas conforme o caso) não podem ser boas em tudo. Isso vê-se na China, na India, na Tailândia, que apesar de terem à partida capacidades iguais às de Portugal (com os devidos ajustamentos), tem-se concentrado em areas onde podem ser mais competitivas do que outras nações. Industria textil, serviços deslocalizáveis (tipo call-centers) e serviços específicos (turismo), respectivamente.
Então perguntamos todos nós o que falta a Portugal? Capacidade de escolher. Estamos a querer ser bons em tudo. O pelo menos a ter internamente um pouco de tudo, quiçá réstias do sistema políticó-económico Salazarista do “orgulhosamente sós."
Cada vez mais só as empresas e os profissionais qualificados vâo ser os de sucesso. O igual vai-se passar com as nações.
De notar que a especialização, não só é um factor de impedimento à entrada de novos competidores no mercado, como é também por sí so um factor de atracção e retenção de investimento. Se Portugal fôr verdadeiramente bom naquilo que faz (produtos ou serviços que ‘exporta’), menos competidores vão querer encarar-nos com as mesmas armas, e por consequência, maior rendibilidade terão os nossos investimentos. Estão a ver o cíclo virtuoso?
Temos os recursos, temos a estratégia, porque não a aplicamos?
Naturalmente que algunas das nossas indústrias, por força da falta de visão dos nossos empresários no passado, é inegável, terão forçosamente de acabar. Assumamo-lo. Porque a nossa especialização e dedicação às actividades em que podemos realmente fazer a diferença, mais do que compensará.
É essencial fazer-se esta mudança o mais cedo possível, sob pena de outras nações nos passarem à frente. O desemprego será natural numas àreas, mas compensado por um acréscimo de emprego noutras – poder-se-á criar uma sistema nacional de educação e ensino virado para estes objectivos, para que a aposta em formação e no futuro do país, começe desde a mais tenra idade. Exagerando para chegar onde pretendo - De que interessa ter uma força laboral preparada para formar metalúrgicos, qunando essa indústria está condenada no nosso país? Se Há outra nação com melhores condições para reter esse tipo de indústria.
No extremo, os fluxos criados pelo nosso país serão mais do que suficientes não só para ‘pagar’ as importações de serviços em que não somos especialistas, mas também para criar o crescimento económico sustentado que ha tanto tempo a nossa nação procura.
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